Eles são iguais?

Essa deve ser a frase que as mães de múltiplos mais ouvem na vida! Os meninos não são idênticos. Mas eu acredito que mesmo os pais de gêmeos idênticos podem listar uma infinidade de diferenças nos seus filhos. Não to nem dizendo físicas, mas sim, comportamentais!

Das diferenças físicas eu não preciso nem dizer, só que os 3 são belos, explosivamente belos, universalmente belos!

Das comportamentais, posso afirmar que eles não tem nada a ver um com o outro. São TÃO diferentes que eu às vezes penso que não vieram da mesma barriga! Ou seja, para desespero (ou não) das mães, a personalidade nasce com eles. Não importa que você tenha feito yoga, meditação, hidro, comido só orgânicos, trabalhado muito, trabalhado pouco, tenha mudado de casa, cidade, estado, país…. personalidade nasce com a gente. Vejam bem, não estou falando que nada disso importa, de forma alguma! Acredito MUITO que uma gravidez calma, tranquila, centrada, acarinhada, amorosa, faz toda a diferença. Mas isso não quer dizer que seu filho será um anjinho, ou vai chorar pouco, ou não passará pelo terrible two! Sim, seu filho vai chorar, espernear, testar os seus limites, fazer birra, brigar com o sono, ter fases ruins para comer, dormir, etc, mesmo você tendo sido a grávida maissssss relax que existe.

Vou contar um pouco das personalidade de cada um para vocês terem uma ideia dos três menininhos radicalmente diferentes que tenho em casa.

BENTO

Bento é complexo! Bento contém em si a semente do bebê mais apaixonante do mundo e a semente do bebê mais surtante do mundo! Nossa, como meu pequeno já chorou na vida. Lembro da primeira consulta com o segundo pediatra, ele com dois meses urrando no consultório. A rotina de choro, sono, acorda, sorrisos, depois gargalhadas (a mais gostosa), choro, sono…. durou muitos meses. Ah, bola de pilates, muita bola de pilates. Muito som do útero no celular. Colo em pé, principalmente entre 15h e 19h, quando ele apagava de verdade. Ele sentia falta do útero! Com ele todas as técnicas da Teoria da Exterogestação davam certo: charutinho, som do útero ou um sonoro shiiiiiiiiii, balançar na bola de pilates ou com ele nos braços, sling, muito sling. Até uns 6 meses, nos revezávamos com o colo em pé, porque depois desse horário ele só aceitava isso. A cada nova soneca, um choro que eu pensei inúmeras vezes que meu filho sentia dor! Quem ouvisse poderia pensar que tinha um bebê sendo torturado. Na madrugada nunca me deu trabalho. Mamava e pronto. De dia, mamava bem menos do que irmãos, pulava mamadas e tudo. Eu cheguei a dar a mamadeira a ele dormindo inúmeras vezes. A pressão do bebê prematuro engordar fica registrada na pele da mãe, mesmo quando ele já é um gorducho gostoso! Pensei em tudo sobre ele chorar daquela maneira. Alguns dizem que é o medo da caverna, quando nossos ancestrais tinham que entrar na caverna e se proteger dos animais ferozes que iam ali também procurar o seu lugar ou carne fresquinha. Parece loucura, mas temos que pensar que a história humana foi assim por milhões de anos. Nós também a chamávamos de hora do espanto. Quando o mundo começou a se descortinar a ele, as coisas foram começando a ficar mais fáceis, devagarzinho. Ele sempre foi muito esperto! Muito ligado! Sentou logo porque queria ver o mundo de outro ângulo. Adorava brincar na mesa de atividades. Foi ele quem deu a primeira gargalhada da casa. Sabem como? Após uma tosse minha. Cof Cof e ele me solta uma gargalhada. Forcei novos cofs cofs e foi delicioso! Percebia também que ele gostava de independência. E pensava: a hora que esse menino engatinhar, depois andar, depois falar, as coisas vão melhorar. E como intuição de mãe não falha, eu tava certa! Bento foi deixando de ser um bebezinho e cada vez mais foi mostrando seu lado delicioso. Bento engatinhou por último porque se arrastando chegava mais rápido e ele ficava estressado tentando engatinhar. Se estressa quando erra as coisas. Mas andou primeiro, porque sim, queria independência. Depois que deu seus primeiros passinhos, a brincadeira era andar! Ele ficava pra lá e pra cá e nos brindava com abraços deliciosos! Fala o triplo de palavras que os irmãos falam. Já se comunica totalmente com a gente. E isso diminui e muito o choro. Exige atenção! Já chama Mamãe, mãe, mãe, até eu virar e ele me mostrar uma traquinagem. Lembram das mamadas? Pois é, ele é o que come menos em disparada. Tipo, metade do prato. E sem podermos lhe oferecer uma colherada, porque ele quer comer sozinho. Em compensação, come todas as frutas possíveis e impossíveis. Ele trocaria refeições fácil se pudesse. Anda, corre, come, brinca, pula, pinta, canta, dança, ama qualquer tipo de atividades. Te mostra tudo e todos na rua, no carro, conta causos. Massssssss…………….. quando boicota o sono, sai de baixo! Chora e nem lembra o por quê. É manhoooooosoooooooo. Dá uma topadinha e buááááááááá. É capaz de ficar uma hora chorando sem parar, sério! Até o meio do ano, no meio da tarde começa a ficar chatinho de cansaço na creche (em casa também) e as queridas educadoras tentavam driblá-lo, além das 23 crianças que estão sob a sua supervisão. Hoje em dia suporta muito mais o sono. Mas quando tá cansado, às vezes dá pt, chora chora chora e nem lembra o por que. Segunda mesmo foi assim. Tentei mil coisas e ele não parava. Aí disse: filho, então deita. Chorou mais um pouco. Respira. Pára de chorar e me diz o que você quer. Ele parou e disse mamá (eu já tinha oferecido inúmeras vezes). Dei o mamá, virou pro lado e dormiu. Meu filho é sensível! É genioso. É divertido. É risonho. É chorão.

LEON

Leon é meu docinho, meu chamego, meu ajudante, o bebê com o olhar mais sereno que já conheci. Costumamos dizer que quem tem um filho só que nasce como o Leon, definitivamente não sabe o que é ter trabalho. Sim, ele nunca me deu trabalho! Quando pequeno, gostava muito de um colo, de ficar agarradinho. O colocávamos no berço e ele começava a reclamar. Pegávamos e pronto, problema resolvido! Dormia hoooras em cima do peito. Quando os irmãos estavam mais chorões, era ele que ficava na boa na cadeirinha ou no tapetinho, no seu mundo. É muito observador. Desde pequeno prestava atenção em tudo, olhava a sua volta tudo e todos. E assim ficava viajando no seu mundinho de bebê. Hoje em dia, percebemos que ele é um pouco tímido, ressabiado. O primeiro olhar é com aquele rabo de olho. Mas logo estabelece vínculo, dá a mão e vai no colo. É o que menos me requisita, para meu alívio de certa forma. E peso na consciência, porque realmente eu dou mais atenção aos irmãos. Sempre que eles não me requisitam, eu dou atenção a ele, mesmo que não esteja pedindo. À noite, Bento e Joaquim só aceitam que eu dê o mamá e eu fique ao lado deles. Entro no meio e Leon no canto, sempre com o pai ou qualquer outra pessoa que esteja me ajudando. Apesar de receber muito amor de todos, sinto uma culpa imensa e volta e meia vou ao seu lado no fim, digo que o amo muito, faço carinho. Antes dos outros dois começarem com essa exclusividade, cada dia eu dava mais atenção a um na hora de dormir e agora não consigo, porque é gritaria na hora. Aliás, ele é muito grudado ao pai, uma lindeza ver os dois amigos. Era o menor e agora é o maior. Bate um pratão. É forte, todo troncadinho. Calminho. Se precisamos ir a um lugar que não é muito baby friendly, o bebê escolhido é ele. Lembro que Quincas teve uma reunião num sábado de manhã uma vez e o levou. Passou a reunião toda na boa, no colo. Mesmo quando tá doente pode dar pouco trabalho, porque dorme 2x mais do que já dorme normalmente. Ah, fundamental: ele dorme muito! Uma delícia! Pena que os outros dois SEMPRE acordam a gente antes, às vezes BEM antes. É o mais musical. Apesar dos tambores serem mania entre os três hoje em dia, quem começou com isso foi ele. Passava o dia inteiro com o tambor na mão. É só ouvir uma música que começa a mexer o corpinho. E segura o violão vagabundo do saara super certinho, assim como vê o vovô Pepe fazendo. Quando sai de si? Com sono. Aí entra em parafuso mesmo, chora, esperneia. E não é porque é calminho que não sabe se colocar não. Realmente os irmãos tomam a sua frente em diversas situações, mas ele disputa território, brinquedo, entra nas confusões também. E as vezes passa e dá um tapa no irmão, com a maior cara lavada do mundo! E com aquela cara de santo, um sorrisinho ao lado da boca. É mole?

JOAQUIM

Joaquim é o maior exemplo que não podemos falar nada sobre a criança que nosso filho vai ser quando é bebezinho. Dizíamos que ele era o bebê com manual de instrução. Mamava, dormia (se entregava), brincava, tudo na boa. Super tranquilo! Não me deu trabalho até uns 9 meses, a não ser pelo refluxo que jogava jatos de leite após a mamada e nas horas seguintes. Com os 9 meses veio a chamada angústia da separação. Explicando muito simplificadamente, esse é o momento em que o bebê começa a perceber que ele e sua mãe são pessoas diferentes. Para se aprofundar, melhor buscar no oráculo. E aí meu amigo, o bicho pegou! Joaquim acordava milhares de vezes, aos berros, e só podíamos sair depois que dormia, o que às vezes demorava. Ainda hoje, acorda de vez em quando de madrugada e quer ficar mexendo nos meus dedos, mania que tem para dormir. É meu chicletinho! É mamãe pra todo lado. Dá um abraço apertado que leva a sua energia lá pra cima. Se arrastou antes de sentar e isso mostra exatamente o que ele é hoje: um pestinha! Todas as traquinagens são inventadas por ele! Todas! Joaquim fica na ponta dos pés e vai pegando tudo que está ao seu alcance. Se você acha que preparou a casa, quando ele chegar, vai ver que ainda está perigosíssima! É muito rápido, sobe em tudo. Seu desenvolvimento corporal impressiona. Se você deixar de olhá-lo 2 minutos, pode ter acontecido uma catástrofe: o pacote de pão pode estar vazio e todos os pães no chão, ou o de biscoito com todos os farelos de polvilho; o chuveirinho pode ter sido acionado; o rolo de papel higiênico pode estar desenrolado; a faca pode estar na sua mão e ele andando serelepe, ou o tubo de remédio; várias folhas de lenço umedecido podem estar espalhadas pela casa; o pote de água do gato pode ter sido derramado e a água no chão virado um ótimo divertimento; a pá que você limpa a areia do gato pode estar em suas mãos, ou a pá de lixo; qualquer objeto eletrônico que você deixou no alto, ele pode ter achado; a caneta pode ter sido comida e sua boca estar toda verde, com direito a escarrada alienígena, e assim por diante. Você não precisa ter visto os três comerem para saber onde Joaquim sentou. Procure o lugar mais sujo. Enfim, é meu pequeno monstrinho! Monstrinho mais carinhoso que existe, mais risonho, encantador e simpático! Mas me tira do sério e eu tenho realmente que me controlar, porque ele testa meu limites! Ah, faz pouco tempo que se trancou dentro do carro com Leon num dia de calor absurdo. Sim, a mãe viu que a chave estava com ele, mas não se tocou do que ele poderia fazer com ela enquanto ela fechasse o carrinho. Sabe aquele negócio que nunca passou pela sua cabeça que pudesse acontecer? Ele faz! Me testa com choros escandalosos quando não consegue algo, o que também me tira do sério. É muito perigoso e não podemos tirar o olho dele 1 minuto sequer. Às 6h da matina pula da cama numa atividade enérgica e papai e mamãe zonzos! Mas seu sorriso maroto compensa tudo! Fora que é muito engraçado e delicioso vê-lo explorando o mundo!

Percebeu? Encontrar semelhança é difícil, a não ser a gostosura!

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